sexta-feira, julho 11, 2003

CRENÇAS: Como diz o "Cruzes Canhoto", os liberais desta nossa praça, limitam-se a repetir, ad nauseam, a mesma lengalenga, fazendo corar de inveja o velho Cunhal e a sua famigerada cassete. Diz o "Jaquinzinhos" que não é ingénuo. Mas, o que se pode dizer da crença, deste, numa sociedade sem regulação, onde não existiriam os patifes e os aproveitadores. Em que todas as relações entre os agentes económicos se processariam na melhor das boas intenções, sem que houvesse o abuso daqueles que detêm o poder económico.
Já insinuei que a ignorância histórica destes liberais de trazer por casa é confrangedora e cada vez mais me convenço que assim é. Permitam-me mais um conselho gratuito, aproveitem os tempos livres para ler livros de história, de preferência do período dos primórdios da industrialização, em que o liberalismo que defendem, de forma despudorada e iletrada, era a prática corrente. Procurem compreender as razões do seu desaparecimento. Nunca fizeram esta simples interrogação?
Podem ler também alguns romances da época. Sugiro Dickens e Zola, apenas para começar... Embora, a leitura, de alguma coisa que valha a pena, leve algum tempo. Não se compadece com os hábitos de leitura de algumas contracapas avulsas e descontextualizadas, nas livrarias ou espaços FNAC, para depois tentar citar doutamente aquilo que olimpicamente desconhecem. O mesmo se diga para as leituras na Web, sem qualquer posicionamento crítico.
Só assim se davam conta das enormidades que afirmam, de forma tão pateticamente convicta.
Bem, amanhã vou para férias. Provavelmente, para vosso descanso, não terei acesso a este blogue. Fica apenas um desejo, que, ao regressar, me dê conta de que fizeram algum trabalho de casa. :)

quinta-feira, julho 10, 2003

FÉRIAS: Depois do que li na argumentação dos meus amigos neoliberais, vou encarar estas férias como as últimas que gozo, enquanto direito que me assiste, como trabalhador dependente.
Com tanto fervor liberal, nunca se sabe, pode chegar o dia em que estes subam ao poder. Então, em tempo de crise, ver-me-ia confrontado com um contrato em que não só abdicasse do direito à greve, mas também do subsídio de férias e, porque não, das próprias férias. A minha mulher comprometer-se-ia a não engravidar. Ambos declinávamos receber o 13º mês. Enfim, seriam removidas todas as minudências de que os molestos trabalhadores se servem para colocar obstáculos ao progresso da 'Causa Liberal' e limitar a 'Liberdade de Expressão' da economia capitalista.
Como vivo junto ao 'Mar Salgado', a minha dieta alimentar ficará reduzida, nos momentos fartos, a 'Jaquinzinhos' e palmeta congelada!

quarta-feira, julho 09, 2003

SINDICATOS (2): Este é o último 'post' que dedico a este tema e, só o faço, porque acredito que o autor do "Jaquinzinhos" é adepto de um liberalismo utópico que, embora algo ingénuo, é genuíno e pouco cínico. Assim, importa esclarecer algumas questões.
Dou de barato que o sindicalismo, hoje, está desacreditado. Também reconheço que as doutrinas socialistas (quer o socialismo utópico, quer o socialismo científico ou marxista) tiveram o mesmo caldo originário comum, decorrente do contraste chocante entre uma burguesia opulenta e um proletariado miserável, mas nunca misturei as duas coisas na minha argumentação. Elas são substancialmente diferentes. As doutrinas socialistas quando muito equiparam-se ao liberalismo utópico que defende, que também se estatelou nos anos 30. Quanto ao sindicalismo, só fiz referência a ele, a propósito da histórinha do Tóino e do Chico (esperto?) e porque nesta é sugerido que, com o sindicalismo, tudo começou a andar mais devagar.
Só me interessa discutir a génese do sindicalismo e as conquistas obtidas pelos movimentos sindicais, que hoje resultam consensuais, mesmo nas 'mecas' do capitalismo. Estou a falar da limitação do horário de trabalho, do direito a férias, direito à greve, descanso semanal, assistência na doença e na velhice, etc. Este tipo de coisas singelas só foi conseguido à custa de muitas lutas, lutas estas em que os movimentos sindicais tiveram um papel indiscutivelmente importante. A miséria não veio com o aparecimento dos sindicatos, ela era um facto, visível e chocante antes do seu aparecimento. Se hoje os sindicatos estão desacreditados, deve-se a que as grandes lutas já se fizeram e, pelo menos nos países desenvolvidos, estão relativamente assegurados os direitos mais elementares dos trabalhadores.

O "Causa Liberal", ajudou à festa dizendo:
"O facto de as necessidades humanas nunca serem plenamente satisfeitas determina que a mão-de-obra é sempre um recurso escasso. Na ausência de restrições institucionais (como as que são geradas pela rigidez legal do mercado laboral), é pois impossível que a mão-de-obra seja excedentária."

Esta afirmação está imbuída da mesma utopia de que sofre o autor do "Jaquinzinhos". É só constatar o quanto estamos longe do pleno emprego e como a sobrevivência por vezes é precária, mesmo nas economias mais capitalistas.

Finalmente, o "Liberdade de Expressão" diz que confundo a causalidade com a correlação e que as melhorias das condições de vida dos trabalhadores não se deram devido às leis laborais mas apesar das leis laborais.

É caso para dizer, que coincidência!?

Não satisfeito com a espantosa afirmação anterior, ainda volta à carga dizendo que nada tem contra os sindicatos, mas está contra as leis que proíbam o trabalhador de assinar contratos em que abdica do direito à greve!!??
Só pergunto ao João, porque será que é assim? E já agora, com escassez de emprego, que liberdade é que restava ao trabalhador na assinatura desse contrato?

terça-feira, julho 08, 2003

LATINIPARLA: Desde que o "ThomazxCunhal" descreveu "O latinista ilustre" como "o ecletismo pindérico", o nosso latinista perdeu o pio!?

COLUNISTAS E COLUNÁVEIS: Afinal, alguns dos rapazes da União dos Blogues Livres, transformaram-se em colunistas do "DN" e não em colunáveis da "Caras" e publicações congéneres.

Ainda bem!

PACATO: Alexandre Andrade (umblogsobrekleist), desmentiu o meu pressentimento de que era o autor d' "O Meu Pipi", embora também enjeitasse os epítetos de pacato e insuspeito.
Devo partir do pressuposto de que entendeu o adjectivo 'pacato' na sua verdadeira acepção (pacífico, calmo, etc). Faço esta referência, para não cair novamente em equívocos, pois recordei-me de uma história relativamente desagradável. Trabalhava eu na vila da Sertã (distrito de Castelo Branco) e referi-me a alguém como pacato. Para meu espanto, a pessoa embuchou sem que eu fizesse a mais pequena ideia da razão de tal atitude. Incomodado com a situação, tentei indagar a origem de tal reacção, para mim tão despropositada. Depois de muito insistir, lá me foram esclarecendo que 'pacato' é o pior termo com que se pode apelidar alguém, pois segundo o seu entendimento, 'pacato' é alguém "lerdo das ideias".


SINDICATOS: Não vou traçar o percurso histórico do sindicalismo, pois este espaço não é apropriado para tal. Mas, ao meu amigo do "Jaquinzinhos", não fazia mal nenhum consultar uma qualquer História Universal e descobrir a razão que levou ao seu aparecimento. E a razão tem, grosso modo, justamente a ver com a tão afamada e acarinhada (pelos liberais) lei da oferta e da procura. No capitalismo puro e duro, esta lei aplica-se indiscriminadamente a pessoas (como força de trabalho) e bens. O problema é que as pessoas não podem e não devem pura e simplesmente ser tratadas como objectos, pois resulta em situações de miséria humana, incomportáveis para qualquer sociedade digna desse nome.
O final da história do Chico e do Tóino é baseada no que vulgarmente acontecia, no século XIX, antes da criação dos sindicatos e de qualquer regulação do mercado de trabalho pelo Estado. Como a oferta de mão-de-obra era mais do que excedentária, os dramas sociais eram pungentes. Os detentores de capital ofereciam salários de miséria e condições de trabalho infra-humanas, pois havia sempre quem aceitasse, quanto mais não fosse, as mulheres e crianças que recebiam 1/3 do salário de um homem, pelas mesmas horas de trabalho. O liberalismo desenfreado não resultava na liberdade, mas na pior das escravidões. Alguém definiu a vida dos operários desta altura com a seguinte frase: "Viver, para eles, é não morrer".
Os tumultos sociais não tardaram a acontecer e foi toda esta pressão que levou à criação e aceitação (embora com muita resistência) dos sindicatos.

Mas tudo isto é sobejamente conhecido. Só por ignorância, ou por qualquer outro motivo mais sinistro, é que se pode, nos dias de hoje, acreditar que alguma sociedade sobreviva decentemente sem qualquer regulação ou intervenção do Estado na área económica.

segunda-feira, julho 07, 2003

JANTARES: Vou ver se consigo evitar falar do Pacheco Pereira nos próximos 10 posts :) Porém, não resisto a comentar a alfinetada que ele, no "Abrupto", deu à descrição do jantar da União dos Blogues Livres, publicada quase nos mesmos moldes pelos vários participantes. É que nessas descrições transparece um vazio tão grande e alegre, que quase não duvidamos que este vácuo ilustra, afinal, a verdadeira natureza e ambições destes jovens liberais - a vida dos colunáveis!
Só falta pedir emprego aos editores das revistas do género, certamente que têm futuro...

domingo, julho 06, 2003

MUDAR DE PELE: Compreendo o desalento do "Guerra e Pas" e até as dúvidas sobre se o seu blogue durará mais um mês. Depois do ânimo insuflado por Pacheco Pereira, certamente que durará. Aliás, Pacheco Pereira parece especializado em arrastar consigo todos aqueles com que simpatiza, convencendo estes a não desertar.
Voltando ao início da questão, depois de algumas semanas na blogosfera, que parecem anos, o cansaço torna-se evidente. Julgamos que o modelo que iniciamos está mais do que gasto e que aquilo que tínhamos de interessante dizer, já está dito.
Neste momento crítico só nos resta pensar duas coisas: ou abandonar pura e simplesmente qualquer actividade na blogosfera, ou "mudar de pele" e iniciar outro projecto, certamente condenado a ser efémero como o anterior. E, assim, ingressar num ciclo que se esgote no momento em que até as ideias para novo projecto deixem de existir.

Ainda há uma outra alternativa, iniciar um blogue de "copy" e "paste" e assim acabarmos com a angústia de pensar sobre o que dizer!
Alguns já enveredaram por esta via!

sábado, julho 05, 2003

O FIM DA HISTÓRIA: Não vou falar da dialéctica, mas apenas do final feliz da histórinha do "Jaquinzinhos", a propósito da criação de riqueza real.
Para ele, a criação de riqueza faz-se rapidamente até ao aparecimento dos impostos e dos sindicatos. O sindicato, na histórinha, foi criado pelo Tóino, empregado do Chico.
O "Jaquinzinhos" não se deu ao trabalho de explicar a forma como evoluiria a vida do Chico e do Tóino, caso este último não fizesse um sindicato. Então, vou completar:

O Chico ficaria cada vez mais rico e o Tóino cada vez mais miserável e dependente do Chico. O Tóino ver-se-ia obrigado a trabalhar entre 14 a 16 horas para o Chico, a troco de um salário miserável, sem quaisquer regalias, como descanso semanal, protecção na doença ou na velhice. E, ainda assim, vivia apavorado com o dia em que uma criança ou uma mulher se oferecesse para trabalhar para o Chico, o mesmo número de horas, a troco de 1/3 do salário.

Era esta a linda histórinha antes da existência dos sindicatos, no reino do liberalismo desenfreado.
Os nossos liberais de pacotilha, que pululam por aqui, sonham com o seu retorno.

CAUSA NOSSA: Há muito que não lia o Complot. Muito antes de postar aqui, tinha já por hábito ler alguns blogues e o Complot já fez parte dos obrigatórios. Uma série de artigos menos interessantes e a avalanche que se verificou no aparecimento de novos blogues, fizeram-me esquecer estes rapazes. Pois bem, hoje revisitei-os e foi com agrado que o fiz. Logo a abrir, faz referência aquilo que ainda não o é. Ou seja, o caricato anúncio preemptivo do Causa Nossa, do género de promoção de novo supermercado, a abrir em data marcada.

GUERRA CIVIL DE ESPANHA: Pacheco Pereira faz, no seu blogue, Estudos sobre o Comunismo, um trabalho de sapa sério, reunindo elementos que possam contribuir para a compreensão do movimento comunista português. Este trabalho é tanto mais útil, porque não abundam na rede informações respeitantes a esta temática. É feito de forma distanciada do objecto em estudo, como se recomenda a qualquer historiador.
Quando surgiu o blogue Estudos sobre a Guerra Civil Espanhola, desde logo, intimamente, saudei a iniciativa, porque a temática é sumamente interessante. Embora, sobre esta, a informação superabunde na Internet (basta fazer uma simples pesquisa e somos inundados com um oceano de informações). Mas, tal como Pacheco Pereira, desconfio da validade de um trabalho que fez, a priori, um romântico juízo de valor e se propõe recolher dados que, no fundo, confirmem esse juízo. Isto poderá ser um manifesto panfletário, mas nunca uma "leitura crítica e o mais expansiva da Guerra Civil Espanhola" e muito menos científica.

sexta-feira, julho 04, 2003

FREQUÊNCIA: A frequência com que alguns blogues são actualizados deixam-me exausto. Infelizmente, muita parra pouca uva... :-(
Alguns, agarram-se desesperadamente à escrita de uma forma inepta e aditiva, cujo interesse é proporcionalmente inverso à torrente de palavras que vertem para o blogue.

ATÉ A "BOLA": Li e ainda não me refiz da surpresa. Depois do "Público", do "DN", do "Diário Económico", da "Visão" e do "Expresso", chegou a vez do jornal "A Bola" publicar um artigo sobre blogues!?

O que é que falta agora, a revista "Maria"?

SHADOW OF A DOUBT: Depois da extraordinária revelação, feita anteriormente, fui a correr para a cama, para finalmente dormir o sono dos justos, de quem já não tem contas nem tormentos a obliterar o espírito. Após ter adormecido, neste doce enlear, acordo de novo sobressaltado com mais um nome... Será o pacato e insuspeito Alexandre Andrade, do indizível "umblogsobrekleist"?

Oh não!... Volta tudo de novo!?

A IDENTIDADE DO PIPI: Saiu hoje, no DN, mais um artigo sobre o "Pipi" e o mistério da sua identidade. Confesso que este é daqueles problemas que nos turba o espírito, distrai-nos a atenção e até nos prejudica o desempenho. Às vezes, estamos a meio de uma actividade importante e a dúvida assalta-nos, de forma tão inesperada, que, inevitavelmente, prejudica aquilo que estamos a fazer. Para esconjurar esta questão tão perniciosa, vou também arriscar um palpite, pois tenho esperança que, partilhando com os leitores o nome que mais vezes me suscita a dúvida, vá encontrar a necessária paz de espírito.
Assim, caros leitores, por arte divinatória, entremeada com rebuscados métodos científicos, o "Pipi" é o Zé Diogo Quintela do "Gato Fedorento".

quinta-feira, julho 03, 2003

SOLIPSISTA: A par do "umbiguismo", atributo tão próprio dos bloguistas (ou 'bloggers', se preferirem), deveria-se reflectir sobre o carácter solipsista que existe em cada um de nós, que deambulamos pela blogosfera. Para quem não conhece o termo, poderá ler um excelente conto, a propósito, no "O Céptico".
Basta fazer um circuito diminuto pelos blogues para ver os pequenos universos que cada um cria no espaço do seu blogue. Mesmo as referências externas estão intimamente ligadas ao seu mundo. Mais do que umbiguista, o bloguista é um solipsista.

quarta-feira, julho 02, 2003

A QUESTÃO HOMÉRICA: A "Bomba Inteligente" volta à carga com a velhíssima "Questão Homérica", já tão velha que data dos tempos da época alexandrina. As dúvidas, cientificamente fundamentadas, já datam do séc. XVIII. O que é evidente, até agora, é que os poemas assentam numa técnica baseada na improvisação oral (repetições de palavras e versos, para ajudar a memorizar e para dar tempo a pensar nos versos seguintes), que já vinha dos micénicos. A existência de Homero é mais do que improvável, mas discutir isto é como discorrer sobre o sexo dos anjos.

terça-feira, julho 01, 2003

CHAVASCAL: O “Pipi” arrisca-se a ficar famoso, não só pelo conteúdo picante do seu blogue, mas também, pelo uso que dá a determinados termos da nossa língua. Para alguns, obrigatoriamente, terá de ser actualizado o seu significado, nas próximas edições dos dicionários dignos desse nome.
Um dos meus termos predilectos é a palavra “chavascal”. Esta palavra que significa, em qualquer dicionário, algo como:

(de chavasco), s. m.,
•pocilga, chiqueiro;
•terra improdutiva;
•moita de espinheiros e outras plantas silvestres;

adquire um significado bem mais nobre no “Pipi”, do género festa brava na cama. :)

Exemplos:
“o chavascal que cada uma destas damas proporciona no leito”
“há promessa de chavascal galhofeiro”