quarta-feira, julho 09, 2003

SINDICATOS (2): Este é o último 'post' que dedico a este tema e, só o faço, porque acredito que o autor do "Jaquinzinhos" é adepto de um liberalismo utópico que, embora algo ingénuo, é genuíno e pouco cínico. Assim, importa esclarecer algumas questões.
Dou de barato que o sindicalismo, hoje, está desacreditado. Também reconheço que as doutrinas socialistas (quer o socialismo utópico, quer o socialismo científico ou marxista) tiveram o mesmo caldo originário comum, decorrente do contraste chocante entre uma burguesia opulenta e um proletariado miserável, mas nunca misturei as duas coisas na minha argumentação. Elas são substancialmente diferentes. As doutrinas socialistas quando muito equiparam-se ao liberalismo utópico que defende, que também se estatelou nos anos 30. Quanto ao sindicalismo, só fiz referência a ele, a propósito da histórinha do Tóino e do Chico (esperto?) e porque nesta é sugerido que, com o sindicalismo, tudo começou a andar mais devagar.
Só me interessa discutir a génese do sindicalismo e as conquistas obtidas pelos movimentos sindicais, que hoje resultam consensuais, mesmo nas 'mecas' do capitalismo. Estou a falar da limitação do horário de trabalho, do direito a férias, direito à greve, descanso semanal, assistência na doença e na velhice, etc. Este tipo de coisas singelas só foi conseguido à custa de muitas lutas, lutas estas em que os movimentos sindicais tiveram um papel indiscutivelmente importante. A miséria não veio com o aparecimento dos sindicatos, ela era um facto, visível e chocante antes do seu aparecimento. Se hoje os sindicatos estão desacreditados, deve-se a que as grandes lutas já se fizeram e, pelo menos nos países desenvolvidos, estão relativamente assegurados os direitos mais elementares dos trabalhadores.

O "Causa Liberal", ajudou à festa dizendo:
"O facto de as necessidades humanas nunca serem plenamente satisfeitas determina que a mão-de-obra é sempre um recurso escasso. Na ausência de restrições institucionais (como as que são geradas pela rigidez legal do mercado laboral), é pois impossível que a mão-de-obra seja excedentária."

Esta afirmação está imbuída da mesma utopia de que sofre o autor do "Jaquinzinhos". É só constatar o quanto estamos longe do pleno emprego e como a sobrevivência por vezes é precária, mesmo nas economias mais capitalistas.

Finalmente, o "Liberdade de Expressão" diz que confundo a causalidade com a correlação e que as melhorias das condições de vida dos trabalhadores não se deram devido às leis laborais mas apesar das leis laborais.

É caso para dizer, que coincidência!?

Não satisfeito com a espantosa afirmação anterior, ainda volta à carga dizendo que nada tem contra os sindicatos, mas está contra as leis que proíbam o trabalhador de assinar contratos em que abdica do direito à greve!!??
Só pergunto ao João, porque será que é assim? E já agora, com escassez de emprego, que liberdade é que restava ao trabalhador na assinatura desse contrato?