SINDICATOS: Não vou traçar o percurso histórico do sindicalismo, pois este espaço não é apropriado para tal. Mas, ao meu amigo do "Jaquinzinhos", não fazia mal nenhum consultar uma qualquer História Universal e descobrir a razão que levou ao seu aparecimento. E a razão tem, grosso modo, justamente a ver com a tão afamada e acarinhada (pelos liberais) lei da oferta e da procura. No capitalismo puro e duro, esta lei aplica-se indiscriminadamente a pessoas (como força de trabalho) e bens. O problema é que as pessoas não podem e não devem pura e simplesmente ser tratadas como objectos, pois resulta em situações de miséria humana, incomportáveis para qualquer sociedade digna desse nome.
O final da história do Chico e do Tóino é baseada no que vulgarmente acontecia, no século XIX, antes da criação dos sindicatos e de qualquer regulação do mercado de trabalho pelo Estado. Como a oferta de mão-de-obra era mais do que excedentária, os dramas sociais eram pungentes. Os detentores de capital ofereciam salários de miséria e condições de trabalho infra-humanas, pois havia sempre quem aceitasse, quanto mais não fosse, as mulheres e crianças que recebiam 1/3 do salário de um homem, pelas mesmas horas de trabalho. O liberalismo desenfreado não resultava na liberdade, mas na pior das escravidões. Alguém definiu a vida dos operários desta altura com a seguinte frase: "Viver, para eles, é não morrer".
Os tumultos sociais não tardaram a acontecer e foi toda esta pressão que levou à criação e aceitação (embora com muita resistência) dos sindicatos.
Mas tudo isto é sobejamente conhecido. Só por ignorância, ou por qualquer outro motivo mais sinistro, é que se pode, nos dias de hoje, acreditar que alguma sociedade sobreviva decentemente sem qualquer regulação ou intervenção do Estado na área económica.
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