segunda-feira, outubro 23, 2006

DESNORTE: Começam a tornar-se visíveis os primeiros sinais de atrapalhação do primeiro-ministro. Até aqui, José Sócrates manteve um exemplar distanciamento de todas as polémicas que periodicamente atingiam um ou outro ministério. O seu silêncio, curiosamente, mantinha-o superiormente alheio às vicissitudes governativas. Toda a fúria era dirigida contra os ministros ou secretários de estado das diversas áreas governativas e Sócrates, apesar ser o último responsável por todas elas, mantinha inalterável o seu capital político. Porém, os sinais de mudança desta situação têm –se tornado bem evidentes. Já não há sítio que o primeiro-ministro visite que não tenha à sua espera um coro de desagrado, que ele, cada vez mais, tem dificuldade em ignorar ou contornar. Também a sua gestão do silêncio chegou ao fim, sendo cada vez mais frequentes as suas intervenções, numa atitude quase sôfrega daquele que se sente em terreno movediço e se agita desesperadamente para encontrar terra firme. As vozes da rua já não se dirigem apenas contra a inenarrável ministra da Educação (esta também já mais crispada e agastada), ou contra o “senhor Santos”. Cada vez mais visam a figura central do Governo - José Sócrates.