quinta-feira, setembro 22, 2005

REFERÊNCIAS: Vivemos num período extremamente perigoso de falhas referenciais. Um governo prepotente e autista para com os pobres e remediados e generoso com o compadrio; uma justiça com uma acção completamente incompreensível e ineficaz aos olhos de qualquer comum dos mortais; um Presidente da República de uma passividade pungente, que deixou de funcionar como válvula de escape e último reduto da seriedade do Estado e, finalmente, uma oposição que não deixa qualquer lastro de esperança a todos aqueles que se sentem injustiçados e descrentes que possa existir emenda.
Nas conversas que se travam, o sentimento que transparece é este e, cada vez mais, se sente uma revolta embrionária, sufocante, porque sem redenção no actual quadro institucional e democrático.
Sem uma válvula de escape, tenho sérios receios de que a violência possa vir a ganhar terreno neste pasto fértil para a sua eclosão.

sábado, setembro 17, 2005

RIQUEZA: No país com a pior distribuição da riqueza na União Europeia, o Governo empenha-se afincadamente em retirar benefícios aos trabalhadores, como se eles fossem os grandes privilegiados e causadores da desigualdade!

sexta-feira, setembro 16, 2005

NOMEAÇÕES: João Cravinho disse muito recentemente, no "Diga lá, Excelência!" deste Domingo, a propósito das nomeações mais que suspeitas da nomenclatura do PS para altos cargos públicos, que só o faria se fosse de todo necessário e não existisse mais algum nome independente para essa nomeação, visto que o Governo já está num tal clima de suspeição que não poderia exigir sacrifícios e austeridade ao país e continuar com este tipo de nomeações. Em seguida reiterou que desejava que o Governo já tivesse aprendido a lição...
Pois bem, não aprendeu! Este governo de Sócrates, que encetou uma campanha de moralização e fim dos privilégios da arraia miúda da função pública, não tem qualquer pejo, nem sombra de decência e desata despudoradamente a colocar ou propor os seus homens de confiança para todos os cargos relevantes deste país. Após as declarações de Cravinho, já Guilherme d'Oliveira Martins foi nomeado para presidente do Tribunal de Contas e António Vitorino foi escolhido para representar interesses do Estado na Galp.
É tão escandaloso que não se compreende como na imprensa e na sociedade civil não surge um clamor de protesto e indignação contra esta total falta de seriedade.

quinta-feira, setembro 08, 2005

TECNOLOGIA: Compreender a tecnologia ou morrer, a não perder no "El País".
Curiosamente, o "El país" abandonou a experiência da exclusividade de acesso para assinantes sensivelmente na mesma altura em que o "Público" deixou de facultar acesso livre às notícias do jornal.
Mais tarde ou mais cedo, o "Público" reconhecerá o seu erro. O resultado imediato é que passei a ler assiduamente um excelente diário, só que espanhol...
Até nisto!

PORTUGAL: Segundo o mais recente índice de desenvolvimento da ONU, Portugal volta a descer na lista dos países desenvolvidos (foi ultrapassado pela Eslovénia) e, segundo estes números, a sociedade portuguesa tem um desequilíbrio entre ricos e pobres semelhante ao dos Estados Unidos. Os 10% mais ricos consomem uma riqueza 15 vezes superior à dos 10% mais pobres ("D. Notícias").
Os fervorosos defensores do neoliberalismo à la americana devem estar contentes com esta aproximação. Finalmente estamos a ter menos Estado e os resultados já estão á vista...

terça-feira, setembro 06, 2005

'ATERRORISMAR': Os atentados terroristas tiveram como consequência imediata um recuo na liberdade, na dignidade e demais direitos humanos, que julgávamos já adquiridos e sem retorno no estado civilizacional em que nos encontrávamos.
Até que ponto é inevitável a criação de campos de prisioneiros à rebelia de todo o sistema judicial como Guantánamo? Ou outras medidas afins, que vimos aceitando como naturais, em nome da nossa segurança?
No "El País" saiu hoje um artigo de opinião, assinado por Emilio Lledó, extremamente pertinente e interessante sobre o assunto...

segunda-feira, setembro 05, 2005

ISENÇÃO: Pacheco Pereira culpa todos os 'media' portugueses (à excepção dos blogues - muito provavelmente aqueles eternamente alinhados com a actual administração dos EUA) de tratarem as notícias relativas a Nova Orleães com um evidente antiamericanismo.
Se Pacheco Pereira tivesse visto as cadeias internacionais de televisão, mesmo a insuspeita CNN, teria constatado que a sensação de incúria e desleixo das autoridades norte-americanas era o prato forte que transparecia em toda a informação.
Pacheco Pereira ganharia muito mais para a sua credibilidade se a evidência de ser um sectário seguidor da administração Bush fosse menor. Certamente, só consideraria isentas as notícias que não contivessem qualquer sombra de crítica à administração Bush, ou que relatassem a catástrofe como uma mera infelicidade natural, mas por muito que queiramos o contrário, a realidade é o que é. A incompetência em lidar com a catástrofe e a miséria ficou à vista de todos, até dos próprios norte-americanos!

XENOFOBIA: É muito grave o que se está a passar em França. Tudo evidencia que se está a usar o incêndio como arma xenófoba, com uma aparente letargia das autoridades na prevenção e combate a estes crimes.

sábado, setembro 03, 2005

NOVA ORLEÃES(2): É claro que a miséria tem cor nos EUA. Só os velhos preconceitos raciais, ainda para mais num estado do sul, justificam tanto desleixo, abandono e incúria, por parte da administração federal.

sexta-feira, setembro 02, 2005

NEM MAIS: "(...)o principal problema do país hoje é o problema dos partidos políticos. Da sua falta de credibilidade, de seriedade, de sentido de Estado e de serviço público. Como a democracia é um sistema que assenta no papel decisivo dos partidos políticos, estamos a um passo de confundir a crise do Estado e das instituições com uma crise de regime."

Miguel Sousa Tavares, "Público", 2005/09/02

NOVA ORLEÃES: A catástrofe provocada pela passagem do furacão Katrina em Nova Orleães, associada à violência e ao caos generalizado, faz lembrar alguns filmes à John Carpenter, que, para nosso alívio na época, só julgávamos possível no cinema. É com surpresa e apreensão que constatamos que a realidade nestes dias não é muito distante e que, afinal, apesar da civilização, o pior da natureza humana pode emergir em condições extremas.

quinta-feira, setembro 01, 2005

POBRE PAÍS: Depois de uma digressão por Espanha, nunca me custou tanto regressar a Portugal. A diferença entre os dois países é cada vez mais abissal.
Tivesse eu idade e coragem para começar uma nova vida...