DIREITAZINHA: Deixando de lado esta direitazinha, jovem e alegremente superficial, importa perder algum tempo a analisar o neoconservadorismo português, em alguns dos seus mais dignos representantes. Refiro-me, por exemplo, para simplificar e concretizar a análise, a Pacheco Pereira e a José Manuel Fernandes. Estes senhores não se limitam a desprezar o povinho português. Sentem enfado com todo o povo europeu, pelo menos aqueles europeus mais ligados à cultura francófona. Estes europeus, habituados ao proteccionismo do Estado, estão, segundo eles, condenados à decadência. Nem sequer têm qualquer laivo de admiração para com a social democracia nórdica. Para estes senhores é uma maçada que o Estado interfira com a lei da selva, a liberalização total resultaria como panaceia para todos os problemas económico-sociais. Têm, para com os EUA, uma contemplação basbaque e acéfala, como se do jardim do éden se tratasse. Destilam as suas reflexões como truísmos insofismáveis, olhando sobranceiramente, e até compadecidos, os tristes ignaros que não alcançam os seus evidentes princípios exactos.
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