quinta-feira, agosto 28, 2003

PATRIMÓNIO MONUMENTAL PORTUGUÊS: Interroga-se o "Cristóvão-de-Moura": 'Onde foi parar o dinheiro, pergunto eu? O dinheiro de D. Manuel o "Venturoso", da pimenta, da canela, da noz moscada e do açúcar da Arábia, Pérsia e Índia, mais do Brasil? Onde estão as igrejas, palácios, mosteiros esplendorosos que esse grande Império devia ter financiado, como em Espanha financiou?'.
A resposta é relativamente simples. A rota do Cabo nunca nos deu lucro comparável às toneladas de ouro e prata que chegavam a Sevilha. Diria mais, esta rota nunca foi verdadeiramente lucrativa. O Rei D. Manuel viveu aquilo a que nós chamaríamos uma situação de falência técnica. O endividamento, para financiar as armadas para a Índia, atingiu proporções calamitosas, já que as especiarias eram trocadas por metais nobres, tecidos e produtos manufacturados, que tínhamos de adquirir em Antuérpia. Nunca foi lá chegar e trazer, como aconteceu com os metais preciosos em Espanha. As tentativas portuguesas de estabelecer o monopólio das especiarias nunca foram conseguidas. Mesmo no período de Afonso de Albuquerque, o negócio escapava-se-nos por Adém. Se aliarmos a tudo isto o tempo da viagem (2 anos - ida e volta) e os naufrágios, que aconteciam frequentemente neste longuíssimo trajecto, teremos uma noção de que sob a aparência da riqueza potencial, o dinheiro não sobejava para grande património monumental.