BLASFEMO SAPIENTE: Do alto da sua sapiência, João Miranda passa um atestado de ignorância a todos os esquerdistas.
Segundo ele, "as soluções esquerdistas acabarão por causar novos problemas... seguindo-se novo empobrecimento e mais desemprego".
Fico curioso quanto à solução que ele daria aos problemas sociais, já que não apontou nenhuma, nem sequer respondeu às questões simples que coloquei.
Provavelmente, João Miranda, culto e sapiente, não ignora o resultado das soluções preconizadas por aqueles que, como ele, procuravam a todo o custo fazer funcionar o sistema capitalista, quando este deu o estoiro em finais do anos vinte.
Steinbeck descreve-o de forma magnífica:
Queimam café como combustível de navios. Queimam o milho para aquecer; o milho dá um lume excelente. Atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens, para evitar que o povo faminto intente pescá-las. Abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar na terra.
Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Crianças atingidas de pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: «Morte por inanição», porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer.
O povo vem com redes para pescar as batatas no rio, e os guardas impedem-no. Os homens vêm nos carros ruidosos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene.
E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam as montanhas de laranjas, rodando num lodaçal putrefacto.
John Steinbeck, As Vinhas da Ira, Livros do Brasil, Lisboa
Segundo ele, "as soluções esquerdistas acabarão por causar novos problemas... seguindo-se novo empobrecimento e mais desemprego".
Fico curioso quanto à solução que ele daria aos problemas sociais, já que não apontou nenhuma, nem sequer respondeu às questões simples que coloquei.
Provavelmente, João Miranda, culto e sapiente, não ignora o resultado das soluções preconizadas por aqueles que, como ele, procuravam a todo o custo fazer funcionar o sistema capitalista, quando este deu o estoiro em finais do anos vinte.
Steinbeck descreve-o de forma magnífica:
Queimam café como combustível de navios. Queimam o milho para aquecer; o milho dá um lume excelente. Atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens, para evitar que o povo faminto intente pescá-las. Abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar na terra.
Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Crianças atingidas de pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: «Morte por inanição», porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer.
O povo vem com redes para pescar as batatas no rio, e os guardas impedem-no. Os homens vêm nos carros ruidosos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene.
E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam as montanhas de laranjas, rodando num lodaçal putrefacto.
John Steinbeck, As Vinhas da Ira, Livros do Brasil, Lisboa
2 Comments:
O «sistema capitalista» que existia nos anos vinte em nada tem a ver com o tempo actual. São realidades diferentes num mundo diferente. Stainbeck nunca usou internet nem telemóvel. O mal da «esquerda conservadora» (pena sê-lo...) é manter as referencias de um tempo ultrapassado.
E quais são os modelos de sociedade desta esquerda? É ingénuo, senão pouco sensato, confundir sociedade aberta à iniciativa individual com algo de «mau» (capitalismo, globalização, a «lengalenga» do costume...).
Até porque em matéria de refeências a esquerda capitulou e não se recompôs. Seria bom que olhassem e lêssem o tempo do «agora»!
A Internet e os telemóveis é que fariam aqui a diferença :)
A única diferença é que agora não se concebe um Estado liberal sem qualquer protecção social.
Enviar um comentário
<< Home