AS FARPAS: Estou a ler com grande deleite As Farpas originais de Eça de Queiroz, publicadas pela Principia sob a coordenação de Maria Filomena Mónica.
Se a prosa de Eça é deliciosa, estranho a falta de exactidão no texto da coordenadora, tanto mais que se assume como uma especialista do século XIX.
A primeira incorrecção tem a ver com a referência "a um parlamentar famoso J. M. Vieira de Castro." Não existiu nenhum parlamentar J. M. Vieira de Castro, mas sim J. C. Vieira de Castro (José Cardoso Vieira de Castro) que Vasco Pulido Valente retratou magnificamente no seu livro Glória. Esta imprecisão pode ter sido uma mera distracção. Reprovável para quem deveria estar familiarizado com as ilustres figuras do séc. XIX, mas desculpável.
Muito mais grave é uma nota na página 16 que explica o termo Legitimista. Diz MFM que "Os legitimistas defendiam o absolutismo régio, a organização do Estado baseada nas três ordens (nobreza, burguesia e povo)..."
Não sei que pensar deste disparate (nobreza, burguesia!??? e povo). Qualquer estudante razoável, com o ensino básico, aprende que a sociedade do Antigo Regime é composta por três ordens: Clero, Nobreza e Povo (ou Terceiro Estado). A burguesia não constituía uma ordem à parte, fazia parte do terceiro Estado, ou seja, do Povo. Que é feito do Clero?
Para distracção já é demais...
Fiquemos apenas com o que de melhor tem o livro - o texto do Eça:
Diz este, muito a propósito, daqueles que orgulhosamente afirmam não ligar à política ou desprezam os políticos:
Os lustres estão acesos; o país é espectador distraído: nada tem de comum com o que se representa no palco; não se interessa pelos personagens e acha-os todos impuros e nulos; não se interessa pelas cenas e acha-as todas inúteis e imorais; não se interessa pela decoração e julga-a ridícula. Só às vezes, no meio do seu tédio, se lembra que para poder ver teve que pagar no bilheteiro!
Se a prosa de Eça é deliciosa, estranho a falta de exactidão no texto da coordenadora, tanto mais que se assume como uma especialista do século XIX.
A primeira incorrecção tem a ver com a referência "a um parlamentar famoso J. M. Vieira de Castro." Não existiu nenhum parlamentar J. M. Vieira de Castro, mas sim J. C. Vieira de Castro (José Cardoso Vieira de Castro) que Vasco Pulido Valente retratou magnificamente no seu livro Glória. Esta imprecisão pode ter sido uma mera distracção. Reprovável para quem deveria estar familiarizado com as ilustres figuras do séc. XIX, mas desculpável.
Muito mais grave é uma nota na página 16 que explica o termo Legitimista. Diz MFM que "Os legitimistas defendiam o absolutismo régio, a organização do Estado baseada nas três ordens (nobreza, burguesia e povo)..."
Não sei que pensar deste disparate (nobreza, burguesia!??? e povo). Qualquer estudante razoável, com o ensino básico, aprende que a sociedade do Antigo Regime é composta por três ordens: Clero, Nobreza e Povo (ou Terceiro Estado). A burguesia não constituía uma ordem à parte, fazia parte do terceiro Estado, ou seja, do Povo. Que é feito do Clero?
Para distracção já é demais...
Fiquemos apenas com o que de melhor tem o livro - o texto do Eça:
Diz este, muito a propósito, daqueles que orgulhosamente afirmam não ligar à política ou desprezam os políticos:
Os lustres estão acesos; o país é espectador distraído: nada tem de comum com o que se representa no palco; não se interessa pelos personagens e acha-os todos impuros e nulos; não se interessa pelas cenas e acha-as todas inúteis e imorais; não se interessa pela decoração e julga-a ridícula. Só às vezes, no meio do seu tédio, se lembra que para poder ver teve que pagar no bilheteiro!
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