quinta-feira, abril 21, 2005

ZITA SEABRA: É natural que todos mudemos de opinião. É bem conhecido o estereótipo de que à medida que envelhecemos tornamo-nos mais conservadores.
Daí que em princípio seria aceitável que uma figura que era a imagem do esquerdismo puro e duro pudesse, em teoria, inverter a sua orientação política para a direita, como muitos acabaram por fazer.
Existe, contudo, uma diferença assinalável entre figuras como Pacheco Pereira e afins, que eram de extrema esquerda na sua juventude universitária, nos anos do idealismo, e uma figura como a Zita, que chegou a ser uma das mais afamadas e maduras, pela sua ortodoxia, deputadas do PCP.
Vê-la agora a intervir, igualmente como deputada, num partido do espectro oposto à imagem que todos guardamos, desdizendo quase com o mesmo fulgor as intervenções passadas, tem o seu quê de imoral.
É a política no seu pior porque aparenta uma descarada venda de consciência.