quinta-feira, janeiro 06, 2005

UFA!: Pois é, finalmente está acabado o tormento que (imagino) deve ser a elaboração das listas de candidatos a deputados. Lidar com todas as sensibilidades, conciliar todos os interesses, mesmo os mais mesquinhos, não deve constituir uma tarefa fácil para um líder partidário, ainda que delegue esse fardo numa comissão ou outro qualquer escudo, para o proteger dos despeitados, das críticas e de toda a injustiça que invariavelmente se comete.
Se a tarefa é reconhecidamente difícil, não compreendo o que poderá levar um líder partidário a complicar tudo aquilo que em si mesmo é já um imbróglio. Assim, se duvidássemos da natureza intrinsecamente tortuosa de Santana Lopes, estas dúvidas ficariam desfeitas com esta história arrevesada do convite e (des)convite a Pôncio Monteiro para a lista de deputados pelo círculo do Porto. A história do cartaz, que Cavaco Silva rejeitou, também é um bom exemplo da fatalidade que parece envolver este ainda primeiro-ministro, que se coloca a jeito para que tudo lhe caia em cima. Embora, também não se deva minimizar a irresponsabilidade e incompetência de toda aquela gente que o rodeia: como Miguel Relvas e Rui Gomes da Silva.
O PS, apesar de menos desastrado, não deixou de transpirar oportunismos e outras coisas que não prenunciam nada de bom. Os casos foram minimizados. Todavia, também não consigo perceber, por exemplo, a que propósito é que uma senhora como Matilde Sousa Franco (apesar de respeitável) vai encabeçar a lista por Coimbra... O afã de respeitar as quotas de inclusão de mulheres em lugares elegíveis é daquelas coisas que me fazem temer o pior no futuro. Não pelas mulheres em si, mas pela vontade inelutável de agir da forma mais politicamente correcta. Esta maneira de estar na política deu aquilo que todos sabemos no tempo de Guterres e só podemos recear o pior.