quarta-feira, dezembro 15, 2004

O ACORDO: Aparentemente, o acordo PSD/PP não serve para nada. Todavia, esta sentença simplória não traduz a verdade.
A imprensa deixou no ar a ideia, não sei se verdadeira, que Santana Lopes esforçou-se até ao último minuto para que o acordo terminasse numa coligação pré-eleitoral. O que ganharia Santana Lopes com isso? A divisão nas hostes do seu partido, já que no interior do PSD muitas vozes se levantam e muitos se eriçam perante tal possibilidade, uma negociação dura e penosa na elaboração das listas de deputados, que teria de contemplar um CDS numa proporção maior que a sua real força, sem que se vislumbrem benefícios, pois os ganhos eleitorais, tudo leva a crer, seriam residuais.
Relativamente a Paulo Portas, o que tem este a ganhar com este acordo? Praticamente nada! A bipolarização afigura-se-me inevitável entre os dois maiores partidos (PS e PSD). Paulo Portas poderia aspirar a ganhar alguns eleitores caso se distanciasse do PSD e fizesse sentir a uma parte do eleitorado que faria alguma diferença votar no seu partido e não no PSD. Com este acordo, Paulo Portas ficou amordaçado e não consigo discernir o que ele irá propor para fazer alguém do centro direita votar no PP e não no voto mais útil, que será o PSD.
Assim, estranhamente, este acordo vai beneficiar quem aparentemente o não queria e prejudicar quem por ele pugnou!?
Fazendo justiça à inteligência dos seus intervenientes, questiono-me: Como é isto possível?