quinta-feira, julho 22, 2004

GOVERNO - Devo dizer que sentimentos contraditórios me assolam relativamente ao novo Governo da república.
Todo este revoltear estonteante que levou à formação e tomada de posse do novo Governo, em que até os ministros e secretários de Estado são apanhados desprevenidos, veja-se o que aconteceu com Paulo Portas e os 'Assuntos do Mar' e a secretária de Estado Teresa Caeiro que, anunciada na Defesa, foi parar à Cultura - como se as áreas fossem muito próximas - é sintomático daquilo que nos pode aguardar.
Santana Lopes teve o mérito de formar um Governo em tempo recorde, com nomes credíveis. Este mérito deve-lhe ser reconhecido e o chorrilho de críticas que choveu a cada nome anunciado afigurava-se-me algo injusto, tendo em conta as condições dificílimas em que ele teve que tomar decisões. Contudo, é do domínio do impensável a sensação do improviso que impera perante as alterações de última hora. Alterações essas que, no último caso, levou ao atraso da cerimónia de posse, porque um dos titulares mudou de pasta à hora anunciada para a cerimónia.
Santana Lopes, nestes arranjos em cima do joelho, dá argumentos a todos aqueles inimigos de estimação que sempre auguraram calamidades infindas, caso ele chegasse ao poder. O mais curioso, é que as críticas mais severas, radicais e sistemáticas provêm da sua área partidária. Veja-se o caso de Pacheco Pereira e de Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro parece que vai dedicar, quase em regime de exclusividade, os tempos mais próximos ao combate do santanismo. O último, demolidor como nunca, a saborear uma vingança implacável sobre o seu mal-amado companheiro de partido.
Como disse lá para trás, animação não vai faltar para os tempos vindouros.