segunda-feira, maio 31, 2004

LINGUAGEM DOS POLÍTICOS: Ultimamente assistiu-se, surpreendentemente, a uma descida de nível na linguagem da classe política. Os ataques soezes vêm de onde menos se espera e ilustram magnificamente a qualidade dos nossos políticos, quer da oposição, quer do Governo.
No meio disto tudo dá-me vontade de rir o empenho de Portas na campanha do candidato da coligação ao Parlamento Europeu. Quando o vejo tão colaborante, só me vem à memória a minúcia com que descreveu, no “Independente”, o furto de uma manta dos aviões da TAP por João de Deus Pinheiro... :))

quinta-feira, maio 27, 2004

DRAGÕES: Já aqui disse que abomino o futebol. Mesmo num jogo como o de ontem não tive pachorra para ver mais do que 15 minutos...
Apesar disto, reconheço que o fenómeno FCP merece ser estudado. Como é que um clube modesto, comparado com os gigantes europeus, desprovido de estrelas internacionais, consegue ganhar consecutivamente duas competições europeias, num meio recheado de interesses milionários?
É uma proeza e um feito verdadeiramente singular, merecedor de todo o nosso aplauso. Fosse o nosso país assim competitivo noutras actividades...
Parabéns Futebol Clube do Porto!

segunda-feira, maio 24, 2004

ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC: O nosso primeiro-ministro, numa tirada a fazer lembrar outros tempos, nem sequer muito distantes, antecipou a responsabilidade do PCP, caso algo corra mal com o EURO 2004!
Esqueceu que o mal-estar actual se deve à acção governativa: a degradação do poder de compra, as promessas não cumpridas e os pagamentos em atraso...
Tudo isto é verdade, mas é muito mais fácil culpar os arruaceiros do PC. Afinal, quando convêm, o PCP ainda é muito influente na sociedade portuguesa.

TELEMÓVEIS: Parece que muitas das fotos comprometedoras foram tiradas com vulgares telemóveis dotados de câmaras fotográficas. Assim se explica a profusão de fotografias que vieram a público sobre as sevícias.
Ainda bem que isto aconteceu, porque se as provas não fossem tantas, nem tão evidentes, certamente continuariam a negar o que se passou.
Porém, toda esta transparência vai ter o seu fim. Foi noticiado que, a partir de agora, não serão autorizados telemóveis equipados com câmara fotográfica, nas unidades militares norte-americanas!
Compreende-se a razão! Não vá o diabo tecê-las novamente...

JUSTIÇA: Agora compreendo claramente a razão que levou os EUA a rejeitar submeter-se à jurisdição do Tribunal Penal Internacional...
A justiça exemplar que Bush prometeu para os soldados prevaricadores no caso das torturas e sevícias já se fez sentir, logo no primeiro julgamento. O soldado, dado como culpado, sofreu o castigo 'draconiano' de 1 (um) ano de prisão!?
É isto o que vale o sofrimento humano!
Com toda a certeza, a pena seria bem mais severa se o soldado tivesse negligenciado a continência a um General... A própria justiça civil americana puniria com mais severidade um vulgar roubo de maçãs de um supermercado...
Repito, é esta a justiça que pretende ser exemplar?
Falta saber se a pena não é suspensa...

sábado, maio 22, 2004

”MISÉRIA”: O título de hoje deve-se à excelente crónica de Vasco Pulido Valente no “Diário de Notícias”, de leitura obrigatória.
Aqui, na blogosfera, há quem mostre uma alegre galhofeira com a repulsa que muitos (felizmente) demonstraram relativamente às imagens das sevícias dos soldados norte-americanos aos prisioneiros iraquianos.
Tentaram relativizar as imagens que nos iam chegando de todas as formas possíveis e imaginárias. Primeiro dizendo que estas se deviam apenas a um punhado de soldados; depois comparando estas com aquilo que se terá passado nas prisões militares portugueses, nos anos quentes da revolução; lembraram-nos ainda que ninguém fala do que se passa na Tchechénia, no Sudão, etc.
A última pérola desta alegre relativização veio de um 'marinheiro' do “Mar Salgado” que considera natural que os soldados se façam fotografar todos sorridentes junto de um troféu que não é mais que um cadáver iraquiano. É tudo tão natural, afinal à velha maneira colonial em que os brancos se faziam fotografar junto à carcaça do animal abatido, ou junto do indígena mais exótico, também os pobres soldados americanos têm de trazer recordações da sua muito nobre missão pela paz e contra o terrorismo...
O que este alegre povinho não compreende é que contrariamente ao que se passa na Tchechénia, no Sudão e outros locais afins, fomos para o Iraque em nome de valores civilizacionais. Se no Iraque não estavam as armas de destruição maciça, que foram o motivo da intervenção, sobrava ainda como justificação o facto de se ter acabado com uma tirania brutal, a vontade de restabelecer algo parecido com um regime democrático na região e, acima de tudo, mostrar como é diferente a hierarquia dos valores do Ocidente na defesa da vida e dignidade da pessoa humana. Mas, o que poderia restar de nobre, nesta intervenção, foi completamente desbaratado por estas horríveis imagens que teimam em surgir em versões cada vez mais escabrosas e chocantes.
Era suposto mostrar-mos como somos diferentes e não como somos tão iguais!

quarta-feira, maio 12, 2004

"GUINCHAR": Pacheco Pereira foi o primeiro a dar o mote. De forma astuta, mas pouco nobre, tentou relativizar as sevícias dos norte-americanos aos prisioneiros iraquianos, destilando os maus-tratos que a polícia militar terá perpetrado a alguns prisioneiros no nosso período revolucionário, após o 25 de Abril. É evidente que todos percebemos a razão porque foi enfatizado o nome do Major Tomé, como um dos responsáveis por esta polícia...
Mas se Pacheco insinuou, o fiel lobo mau do PSD (e seu companheiro de armas no parlamento europeu), Vasco Graça Moura, descreveu, com requintados pormenores, as sevícias do “tenebroso período” revolucionário português, não escondendo em toda a sua linguagem de um trauliteirismo inultrapassável o prazer com que gostaria de ver os incomodativos elementos da extrema-esquerda a “guinchar”.

As chocantes imagens da degolação de um norte-americano mostram até que ponto a violência entrou numa espiral sem fim na região. Infelizmente, toda a razão do Ocidente para se indignar e repudiar veementemente estes actos há-de encontrar um grão de areia incontornável na profusão das imagens que mostram como os “civilizados” se divertem com o sofrimento alheio.
É por isso, caros senhores, que não estamos a falar da mesma coisa!

segunda-feira, maio 10, 2004

INTERROGATÓRIOS - Uma das coisas que me impressionou, em toda esta história relacionada com os prisioneiros iraquianos, foi o facto dos interrogatórios estarem a cargo de empresas privadas!?
Não me pareceu muito claro, naquilo que li, quem controlava estes interrogadores, nem a que cadeia de comando estes tinham de prestar contas.
Sem dúvida que, em nome da suposta eficácia da gestão privada, atinge-se aqui mais um paradoxo dos Estados liberais.
Imagino um anúncio publicitando os serviços de uma empresa deste tipo:

EMPRESA "TORQUEMADA"


Somos especialistas em extorquir toda a informação útil nos interrogatórios a:

-Presos de delitos comuns;
-Terroristas;
-Prisioneiros de guerra...

Grande rigor científico, com métodos humanos e suaves*

* Não deixamos marcas no corpo!

domingo, maio 09, 2004

AH! O ABORTO...:Um leitor lembrou-me, indignado, da defesa intransigente que a Direita faz do “direito à vida”, na questão do aborto.

É verdade! É sempre mau generalizar...

AINDA AS SEVÍCIAS:É sintomático como os “Bushistas” da nossa praça assobiam para o ar perante as divulgações cada vez mais escabrosas das sevícias praticadas por elementos do exército americano aos prisioneiros iraquianos.
Eles comemoram aniversários, falam das maiores trivialidades, numa tentativa desesperada de fugirem ao embaraço de se pronunciar sobre o tema. É certo que alguns já descansaram a consciência emitindo algures uma nota de rodapé, condenando formalmente as práticas...
Mas, por que razão será que a nossa Direita, sempre tão solícita e veemente na defesa dos seus princípios económicos e políticos, é tão frouxa e displicente na defesa da vida e dignidade humanas?

sexta-feira, maio 07, 2004

CAOS:No concurso de professores, o pânico instalou-se quando milhares de docentes foram excluídos do concurso. A esses foi dado um prazo para reclamar e a promessa de, em breve, serem publicadas novas listas de graduação.
No decorrer da semana foram chegando às escolas os verbetes das candidaturas e então, pasme-se, não eram só os excluídos que estavam errados. Mesmo aqueles que pensavam que estava tudo bem, puderam constatar que afinal o seu verbete estava cheio de erros, ao ponto de agora não conhecer um único professor que tenha concorrido e cuja situação esteja correcta.
O mais estranho é que os dados dos verbetes não coincidem com os dados das listas, quando o mais elementar bom senso e experiência fariam supor que a fonte deveria ser a mesma!?
Estou curioso para ver como o Ministério da Educação vai resolver este sarilho!

quinta-feira, maio 06, 2004

TORTURAS: Sem dúvida que é abusivo, como diz Pacheco Pereira, estabelecer paralelismos entre as torturas feitas pelos militares norte-americanos e as sevícias dos torcionários do regime de Saddam. Contudo, a quantidade de imagens com que diariamente nos confrontamos, leva-nos a crer que as torturas, maus-tratos e abusos dos militares norte-americanos não eram tão pontuais ou esporádicas quanto isso. E, não há pior campanha, nem pior exemplo a dar, por um exército que se diz de libertação e cuja missão é acima de tudo estabelecer um regime democrático e tolerante no mundo árabe, que era, em última instância, o grande objectivo estratégico desta intervenção militar.
Por isso é que estas imagens são duplamente chocantes e, desta forma, a comparação, faz algum sentido. Ninguém duvidava da extrema malvadez e falta de escrúpulos dos homens de Saddam. Mas, certamente, ninguém sonhava, que os soldados norte-americanos (na variante masculina e feminina) se divertissem com gáudio, com o sofrimento dos prisioneiros, demonstrando um sadismo que em tudo parece concorrer com aquele praticado “pelos monstros” do regime anterior.
Só espero é que agora, identificados os culpados, as punições sejam severas e exemplares. Para mostrar que, apesar de tudo, há diferenças!

terça-feira, maio 04, 2004

CONCURSO DE PROFESSORES: Para variar, tivemos mais uma inenarrável irresponsabilidade do Ministério da Educação!
Na manhã de ontem, estava instalado o pânico nas escolas, pois um número significativo de docentes tinha ficado excluído dos concursos, ou então, o seu nome nem constava nas listas.
Ao início da noite, um porta-voz do Ministério, com a pesporrência habitual, teimava na confiança do sistema e remetia para os professores o papel de reclamar.
É evidente que a solução do problema não poderia passar pelas milhares de reclamações que iriam chover... No final da noite já admitiam o erro e as listas iriam ser refeitas.
Como é possível, que uma lista com erros tão clamorosos que afectavam cerca de 20.000 professores (número a atirar por baixo) tenha sido publicada, sem que nenhuma alma, naquele Ministério, se tivesse apercebido da anormalidade?
Será que não fazem quaisquer testes?
Não há palavras para a irresponsabilidade e desnorte que por ali campeia!