Satyricon

NOVO EDIFÍCIO DA RTP: A inauguração do novo edifício sede da RTP deveria ser uma cerimónia privada, com divulgação nos respectivos telejornais da casa.
Mas, as coisas nunca são assim tão simples neste país. Aqui tudo serve para transmissões em directo por tempo alargado e por vezes indeterminado.
Mais um exemplo de Portugal, no seu melhor...

CONFIANÇA NA JUSTIÇA: Há uns meses atrás, no auge do processo Casa Pia, toda a gente afirmava solenemente confiar na justiça, sem que se percebesse muito bem de onde brotava esta inesperada confiança, num povo que sempre olhou de soslaio e com descrença a justiça que temos, sem dúvida má e um dos sectores a necessitar eternamente de remodelação.
A essa confiança apregoada, certamente não era alheio o desconforto causado pela prisão de figuras públicas e algum receio inconsciente que a justiça batesse à porta de quem se pronunciava.

A decisão de arquivar o processo da ponte de Entre-Rios é mais um exemplo de como a justiça é uma miragem. Não se tratava ainda de indicar culpados, mas cumpria à justiça deixar que o caso fosse julgado, quanto mais não fosse para que não sobrassem as demasiadas dúvidas que existem e que a manter-se esta decisão vão avolumar-se ainda mais.

ESTADO SOCIAL: Mário Soares tem vindo a desdobrar-se em afirmações polémicas. Algumas delas já aqui comentei, e manifestei em tempo oportuno a minha discordância.
Porém, hoje, Mário Soares disse que 'este Governo está empenhado em destruir o Estado social'...

Aqui, o velho político acertou em pleno.
Este Governo, saído de um partido que se diz Social Democrata, está apostado em corroer todas as bases do Estado social.
Não consigo compreender a influência completamente desproporcionada do PP (um partido que segundo as sondagens não tem 7% de eleitores) na governação.
Neste país que é fustigado pela intempérie governativa e, em que as sondagens manifestam bem o desagrado e desânimo dos portugueses, Durão Barroso, no seu melhor estilo patarata e autista, almeja alcançar a mais expressiva maioria absoluta de sempre nas próximas legislativas!

PACHECO PEREIRA NA SIC: Desde que Pacheco Pereira mudou a sua intervenção, no Telejornal da SIC, para o Sábado, passou a ser “despachado” à velocidade da luz, pelo apresentador de serviço. O atropelo é tanto que as frases por vezes têm de ficar a meio de caminho.
Parece que Ricardo Camacho tem algum problema com o protagonismo do convidado...
Para aqueles que pagam a Pacheco Pereira, não se esqueçam que o que faz a diferença do Jornal da Noite de Sábado, é justamente o convidado e não o apresentador!

PATETICES: É com preocupação que assisto às sequelas do 11 de Março.
Discordo completamente da inversão da política espanhola relativamente ao Iraque. E considero ainda mais absurdas as patetices, manifestadas por alguns (como Mário Soares), que apontam para a necessidade de negociar com os terroristas!?
Como é possível negociar com aqueles quem vêem como forma legítima de combate, despenhar aviões carregados de passageiros sobre edifícios, ou fazer explodir comboios apinhados de inocentes?

A DERROTA DO PP: Parece consensual que a derrota do PP espanhol se deveu à gestão ruinosa do pós-11 de Março.
Para um leigo como eu, descrente da visão romântica que muitos têm da ETA, parecia perfeitamente plausível que esta fosse responsável pelos atentados. O seu longo historial de violência não abonava a favor dos escrúpulos em perpetrar um atentado com esta dimensão.
Assim, pareceu-me natural a primeira reacção do Governo espanhol.
Nada natural foi a persistência da mesma conduta, de atribuir à ETA a autoria, quando todos os indícios já apontavam para outro rumo. Parecia que a insistência do Governo se fundamentava mais numa crença espiritual - ainda para mais tresandando a eleitoralismo - do que em factos materiais que indiciavam um caminho diametralmente oposto.
A derrota nas eleições teve um sabor a castigo pela falta de rigor, transparência e seriedade no tratamento desta questão.
É nestas situações que podemos dar graças por vivermos num sistema democrático. O povo puniu de imediato a falta de lisura de procedimentos.
No entanto, não se vislumbram facilidades futuras.
Zapatero terá muitas dificuldades em esquecer as promessas de retirar as forças espanholas do Iraque. A concretizar-se esta retirada, será uma grande vitória para a Al-Qaeda. Mostrarão ao mundo como o crime compensa e certamente o ânimo será redobrado para novos atentados noutros países.
Se não cumprir, será a primeira grande desilusão para o povo espanhol, que lhe acabou de dar este extraordinário e surpreendente voto de confiança.

11-M: As mais recentes investigações parecem apontar para a pista árabe, nos atentados em Madrid. Segundo o “El-Mundo”, já foram detidos quatro cidadãos árabes, relacionados com os cartões pré-pagos dos telemóveis que detonaram os explosivos.
Como disse no 'post' anterior, a confirmar-se esta autoria, é bom que despertemos para as questões da segurança, pois eles estão bem próximos de nós...

BRUTALIDADE : Desde o primeiro momento em que ouvi referências ao execrável atentado, ocorrido hoje em Madrid, que pensei na ETA como a mais que plausível responsável.
Tal como Pacheco Pereira, considero que é bem mais preocupante pensarmos que este se deveu a grupos islâmicos, que marcaria assim uma espécie de início de operações no espaço europeu.

T S F : Por força do hábito, costumo acordar com as noticias da TSF.
Hoje, o grande destaque matinal ia para o regresso dos nossos soldados da GNR, cumprida a sua missão no Iraque. Depois, falou-se do descontentamento dos trabalhadores da FESTRU. Ainda se referiu a discussão sobre a inconstitucionalidade de um documento relativo à Função Pública e, após tudo isto, falou-se vagamente, e de forma muito breve, num atentado em que os nomes que referiam me soavam familiares. Isto tudo no noticiário das 8:00h, quando já se falavam em mais de 50 mortos, no brutal atentado terrorista em Espanha!
Será que a TSF não tem qualquer noção do que realmente interessa? Do alinhamento que a actualidade pedia?
Esta rádio, que já foi de referência, está cada vez mais contaminada pelo espírito de paróquia que predomina nos nossos meios de informação.
Como se pudesse haver qualquer tipo de comparação entre as noticiazinhas com que abriram este noticiário e o acontecimento bárbaro que pôs o mundo a olhar para o nosso país vizinho...
Pobre TSF! Cada vez mais se dilui na mediocridade nacional.

PRISÃO PERPÉTUA: Admiro o esforço de humanização das sociedades ocidentais e, muito especialmente, da sociedade europeia. Paulatinamente, aboliu-se a escravatura, a pena de morte e a prisão perpétua.
Tal como Camus, considero a pena de morte a forma mais premeditada de assassinato. Contudo, o mesmo já não penso da prisão perpétua.
Como é que a nossa sociedade resolve o problema dos psicopatas? Dos pedófilos como Marc Dutroux?
O seu comportamento é um desvio de carácter psíquico ou até psicossomático que não será reabilitado nunca, muito menos numa prisão.
Como tal, considero criminosa a libertação destes aos 20 anos de prisão (e são muito poucos os que cumprem todo este tempo).

ABORTO: Regressa à ordem do dia e à Assembleia a questão do aborto. Este é daqueles problemas na nossa sociedade onde impera ainda a velha moral de sacristia, que, infelizmente, teima em deixar este país.
É lamentável a tibieza e a frouxidão que amarra o PSD à posição do PP.

O que pode Paulo Portas!?

BLASFÉMIAS: Os membros do “Mata-Mouros” mudaram-se de armas e bagagens para o recém criado “Blasfémias”. Ainda bem que não desapareceram, como outros, pois a blogosfera ficava indubitavelmente mais pobre.
Desejo as maiores felicidades nesta nova encarnação!

PATÉTICO: É difícil assistir a uma cena tão patética, ridícula e triste como a protagonizada por Avelino Ferreira Torres no estádio que ostenta o seu próprio nome. Mais deplorável ainda é saber que uma criatura destas está à frente de uma Câmara Municipal, que a sua acção passa incólume neste país e, para cúmulo, obtém o conluio do partido que representa.
É esta total falta de dignidade e de respeito, a tacanhez, a má-criação que magoa profundamente qualquer português que ainda se preze de o ser.