domingo, agosto 31, 2003

BLOGUES NA IMPRENSA: Sempre achei extravagante a azáfama que a imprensa revelou relativamente à blogosfera. Este fenómeno, que não é mais do que uma página web mal amanhada, de carácter pessoal, que em si mesmo nada tem de novo, obtém agora da imprensa e da comunicação social em geral uma atenção absolutamente desproporcionada. Hoje, o "Público", chega ao cúmulo de trazer para primeira página, na edição de Lisboa, "Blogs" Não Perdoam Cartazes Que Santana Espalhou por Lisboa. Esta atenção mediática só se justifica porque "uma imensa minoria" de 'bloggers' são jornalistas ou, de alguma forma, ligados à comunicação social. Assim, estas referências, não são mais do que uma forma mais ou menos encapotada de auto-promoção.
Continuem!

sábado, agosto 30, 2003

BOMBA INTELIGENTE: Por muito que a menina do "Bomba Inteligente" se refira aos clássicos (que finérrimo!?), imagino-a mais como candidata a futura Cinha Jardim, do que a Maria Helena da Rocha Pereira.

quinta-feira, agosto 28, 2003

PATRIMÓNIO MONUMENTAL PORTUGUÊS: Interroga-se o "Cristóvão-de-Moura": 'Onde foi parar o dinheiro, pergunto eu? O dinheiro de D. Manuel o "Venturoso", da pimenta, da canela, da noz moscada e do açúcar da Arábia, Pérsia e Índia, mais do Brasil? Onde estão as igrejas, palácios, mosteiros esplendorosos que esse grande Império devia ter financiado, como em Espanha financiou?'.
A resposta é relativamente simples. A rota do Cabo nunca nos deu lucro comparável às toneladas de ouro e prata que chegavam a Sevilha. Diria mais, esta rota nunca foi verdadeiramente lucrativa. O Rei D. Manuel viveu aquilo a que nós chamaríamos uma situação de falência técnica. O endividamento, para financiar as armadas para a Índia, atingiu proporções calamitosas, já que as especiarias eram trocadas por metais nobres, tecidos e produtos manufacturados, que tínhamos de adquirir em Antuérpia. Nunca foi lá chegar e trazer, como aconteceu com os metais preciosos em Espanha. As tentativas portuguesas de estabelecer o monopólio das especiarias nunca foram conseguidas. Mesmo no período de Afonso de Albuquerque, o negócio escapava-se-nos por Adém. Se aliarmos a tudo isto o tempo da viagem (2 anos - ida e volta) e os naufrágios, que aconteciam frequentemente neste longuíssimo trajecto, teremos uma noção de que sob a aparência da riqueza potencial, o dinheiro não sobejava para grande património monumental.

BLOGOCONSPIRE.COM: Foi graças ao "Abrupto" que tomei conhecimento do blogue mais misterioso surgido até agora na nossa blogosfera (o anonimato do "Pipi" ao pé disto é uma bricadeira). O seu conteúdo é de tal forma impressionante que ficamos quedos e mudos perante as revelações... De acordo, não me vou pôr a discutir se será verdade ou não.
O que têm de atractivo as diversas teorias da conspiração é que todas as peças parecem encaixar perfeitamente no intricado puzzle e as interrogações que interiormente colocamos perante o desconhecido, obtêm, nestas teorias, uma resposta quase sempre satisfatória.

JACK: O "Valete Fratres", desde que um dia o elogiaram por ter postado as transcrições originais de Paul Wolfowitz, não cessa de transcrever laboriosamente artigos em inglês.
Dão-se alvíssaras a quem tenha pachorra para ler aquilo...

quarta-feira, agosto 27, 2003

ABANDONO: Quando retornei à actividade bloguística, depois de umas longas férias, manifestei alguma curiosidade em saber se todos iriam regressar com a mesma vontade que apregoavam antes da partida.
O resultado está à vista. Não só é evidente que o arranque é custoso, como, alguns, pura e simplesmente abandonaram ou suspenderam a sua actividade.
O Pedro Boucherie Mendes perdeu uma oportunidade de ouro de ter saído em glória, quando, no seu apogeu, manifestou essa vontade. Arrastado por Pacheco Pereira, o Pedro Mendes continuou, entrando em polémicas gratuitas, desbaratando o crédito acumulado... O Pedro Lomba conseguiu voos mais altos. Para que continuar a escrever num simples blogue, quando tem uma coluna do DN à disposição? O Pedro Mexia (três Pedros!??), mantém-se em estado letárgico...
Após o deslumbre inicial, a saturação é visível. A massificação também contribui para o desânimo. Os pioneiros, por muito que afirmem apreciar a dinâmica presente, sentem que perderam relevo no seio da voragem.

terça-feira, agosto 26, 2003

BLOGUÍTICA: O "Bloguítica Nacional", que aproveito para saudar, falou-nos da sua relação de amor e ódio para com os blogues. Desde logo, penso que a relação deve ser mais de amor, pois o seu autor sustenta, que eu conheça, três blogues. Interessa-me, analisar aqui, o que desagrada ao Bloguítica. Em primeiro lugar, o fenómeno do rebanho, explicando ele que "o tema que estiver na actualidade é aquele que domina a blogosfera". Só posso compreender esta opinião como uma autocrítica. Afinal do que falam os Bloguíticas, senão na actualidade? Um blogue que privilegia (e muito bem) os blogues que se debruçam sobre a actualidade está à espera de quê? Que os outros se debrucem sobre o Peru e a Tanzânia, os velhos e as crianças no pré-escolar, para que ele se destaque na actualidade? Se a preocupação é tanta, porque não começar a dar o exemplo!
Depois critica a leviandade das opiniões. É evidente que abundam as opiniões levianas, como abundam nas nossas conversas quotidianas. Se existem jornais tablóides, em que as opiniões valem o que valem, porque nos havemos de preocupar com as opiniões levianas dos blogues? Um blogue não é nenhuma instituição de utilidade pública, é aquilo que o seu autor quer que seja. Aqui é que reside a virtude dos blogues.
Existem muitas opiniões que não interessam? É claro que existem! No entanto, há quem goste e quem não goste. Quem não gosta tem a liberdade de evitar. Por isso é que fazemos uma selecção. É por essa razão que a maioria dos blogues gosta de ostentar os seus links preferidos, supostamente porque são os blogues apreciados e lidos com regularidade.

CRITICAR OS BLOGS: Descobri um blogue que concorre directamente com este. O blogue em questão chama-se, muito justamente e sem rodeios, "Criticar os Blogs" e é da autoria de Carla Guedes.
Gostei do que li. O tom empregue não dista muito do que se usa por aqui. Apenas a lamentar que o seu silêncio tenha sido tão abrupto quanto o seu aparecimento. Três dias na blogosfera são muito poucos, mesmo tendo em conta o síndroma do tempo blogosférico. Já falei que aqui as semanas parecem anos e o envelhecimento prematuro é um facto incontestável. Mas, mesmo assim, três singelos dias são muito poucos... Desejo que a interrupção esteja apenas relacionada com as férias, pois não quero acreditar que o fôlego se tenha esgotado tão rapidamente.
Espero que não estejamos na presença de mais um fogo fátuo. Este, gostava de ver brilhar durante mais tempo.

segunda-feira, agosto 25, 2003

CONTRA A DIREITA: Tenho sido rotulado (merecidamente!?) como pertencendo à esquerda. Talvez por causa disso recebi no meu correio esta mensagem, de José da Silva, que passo a divulgar:

"A Internet está esmagadoramente dominada pela direita, nos blogs portugueses.
Se quer contribuir para a resistência da esquerda veja e dê conhecimento aos seus amigos de críticas contra a direita, sem censura em www.antidireitaportuguesa.blogspot.com (textos) e
www.antiescravatura.blogger.com.br (fotocrítica e textos)."

domingo, agosto 24, 2003

LUGARES CENTRAIS: O facto de me encontrar longe de concordar com a reflexão política de Pacheco Pereira, não impede que o leia com grande regularidade e reconheça que o seu "Abrupto" é o centro da blogosfera nacional, à volta do qual giram a grande maioria dos blogues, inclusive este. Hoje, chama a atenção dos "lugares centrais" da blogosfera. Cita, como lugares centrais, o Magnólia, que desconheço em absoluto como espaço (Magnólia só conheço a flor e o filme) e a FNAC do Chiado.
Partilho em absoluto da estranheza de Pacheco Pereira em não haver praticamente referências à FNAC do Colombo. Esta é daquelas coisas que sempre me intrigou. Sempre que visito Lisboa sou conduzido, por familiares e amigos (com manifesta contrariedade da minha parte), à FNAC do Chiado. Inicialmente pensei que era por uma questão de acessibilidade. Deslocando-me de Metro, como grande parte da juventude lisboeta, a FNAC fica mesmo à porta da estação. Esta explicação, porém, não é totalmente satisfatória, pois o Metro também não fica distante do Colombo. Assim, há que encontrar outras razões, usando linguagem da moda, que expliquem o facto de um estar 'in' e outro estar 'out'. Excluindo o recheio, pois, como Pacheco Pereira, considero que a FNAC do Colombo é muito superior à do Chiado, a única explicação plausível que me surge é que o Chiado fica mesmo a dois passos do Bairro Alto, local de convívio por excelência da juventude lisboeta. A FNAC funciona como ponto de partida para este outro espaço.
Como provinciano confesso, que ainda admira os grandes centros comerciais, prefiro a FNAC do Colombo.
É curioso que no Porto passa-se exactamente o inverso. A FNAC do Norte Shopping é muito mais frequentada que a da Rua Stª Catarina.
Gostaria que os habituais frequentadores do Chiado se pronunciassem sobre as obscuras razões da sua preferência.

DIREITAZINHA: Deixando de lado esta direitazinha, jovem e alegremente superficial, importa perder algum tempo a analisar o neoconservadorismo português, em alguns dos seus mais dignos representantes. Refiro-me, por exemplo, para simplificar e concretizar a análise, a Pacheco Pereira e a José Manuel Fernandes. Estes senhores não se limitam a desprezar o povinho português. Sentem enfado com todo o povo europeu, pelo menos aqueles europeus mais ligados à cultura francófona. Estes europeus, habituados ao proteccionismo do Estado, estão, segundo eles, condenados à decadência. Nem sequer têm qualquer laivo de admiração para com a social democracia nórdica. Para estes senhores é uma maçada que o Estado interfira com a lei da selva, a liberalização total resultaria como panaceia para todos os problemas económico-sociais. Têm, para com os EUA, uma contemplação basbaque e acéfala, como se do jardim do éden se tratasse. Destilam as suas reflexões como truísmos insofismáveis, olhando sobranceiramente, e até compadecidos, os tristes ignaros que não alcançam os seus evidentes princípios exactos.

RUIM: Mais um blogue se destacou do vórtice que referi anteriormente. É o 'ruim'.
Neste meio, em que formigam os neoliberais, supostamente chiques e bem pensantes, é sempre agradável ler algo que revele a insustentável leveza do ser de tais criaturas.
Gostei particularmente do último post, intitulado "Pátria", que demonstra a dificuldade que esta nossa direita tem em conciliar o seu nacionalismo com o medíocre 'povinho' português, frequentemente apodado com adjectivos em que o 'grunho' é o mais lisonjeiro que poderemos encontrar.

sexta-feira, agosto 22, 2003

VÓRTICE: A blogosfera portuguesa assemelha-se a um imenso vórtice do qual muito pouca coisa consegue emergir. Mergulhar no turbilhão deixou de ser uma experiência assaz interessante. Contrariamente ao entusiasmo de alguns, tenho alguma fobia às multidões e cada vez são menos os blogues que leio.
Mesmo assim, na voragem e no amálgama, é impressionante como alguns (novos) conseguem sobressair e chamar, de alguma forma, a atenção. Destaco, o blogue cristovao-de-moura de Paulo Varela Gomes. Desde logo, o título é impossível passar despercebido. Cristóvão de Moura é o traidor, o anti-herói por excelência. Quem visita Figueira de Castelo Rodrigo, não pode deixar de se impressionar com as ruínas do palácio do "traidor". É daquelas coisas que ficam impressas na memória de qualquer turista de fim-de-semana.
Se o título nos atrai, o conteúdo não desmerece. Quando pensava que este reino estava entregue ao Abrupto (é o buraco negro que faz girar o turbilhão), eis que sou surpreendido com um discurso desassombrado, interessante e a roçar o politicamente incorrecto (agora também está na moda). Sem dúvida que continuarei a acompanhar esta centelha, enquanto que ela se mantiver à superfície.

sexta-feira, agosto 15, 2003

ROCOCÓ: Na tentativa de colocar em dia o meu olhar pela blogosfera, fiz uma visita demorada ao 'Meu Pipi'.
Já em tempos andei aqui às voltas com a identidade do autor do Pipi, na época áurea desse blogue. Constato agora, com alguma infelicidade, que este blogue entrou na sua fase rococó, ou flamejante. Ou seja, a degenerescência criativa é visível e, na tentativa de o esconder, é substituída por excessos que têm como única virtualidade a manutenção de uma audiência cada vez mais boçal.
Que pena! :-(

RETORNO: Fiquei algo desiludido com as poucas saudades que senti deste meu blogue! Algo irracionalmente, imaginei que durante a inactividade, iria sofrer alguns sintomas de bloguer dependente. Não só não senti (desiludam-se aqueles que têm disto uma visão romântica e apologética) como é até com alguma relutância que volto aqui a escrevinhar. Tenho esperança que ao retomar, a vontade surja por acréscimo.
Aproveitei para me embrenhar na leitura, não nas áridas leituras que o Jaquinzinhos recomendou (que, no entanto, agradeço), mas nos grandes clássicos da literatura. Como disse Proust (agora tão na moda) 'a leitura é uma conversa com pessoas muito mais instruídas e interessantes do que aquelas que podemos ter à nossa volta' e, desta forma, se existe algo que verdadeiramente valha a pena é perder tempo com ela.
Aproveitei para fazer uma rápida passagem por alguns blogues. Constatei, até com algum agrado, que muitos fizeram o mesmo que eu. Encerraram portas para usufruir de algum descanso. Tenho alguma curiosidade em saber se todos vão regressar com a mesma vontade...